Perguntas de Setembro/2017

PERGUNTA: Em Lucas 22: 35 – 38 se trata de espadas literalmente, ou o Senhor fala figuradamente?

RESPOSTA: Quando os discípulos foram enviados, não era para levarem nem dinheiro nem pão, roupa ou mais um par de sandálias. O senhor queria que fossem recebidos em todo lugar e abastecidos com o necessário. Eles precisaram confessar que nunca lhes faltou alguma coisa. Agora estavam diante de sua morte, ou da sua rejeição por parte do mundo. A inimizade contra ele, iria atingir eles também. Agora viria um tempo em que sofreriam rejeição e precisariam cuidar de si, e por isso deviam levar alforje e bolsa (saco de viajem) e quem não tiver espada, devia vender sua capa e comprar uma.

Os discípulos deviam se prevenir contra a inimizade, que iriam experimentar em breve. E então segue o motivo no verso 37, ou seja, que o Senhor seria contado com os malfeitores. O Senhor seria visto e tratado como um malfeitor, um criminoso. Uma vergonha aos olhos do mundo.

Em seguida os discípulos dizem que havia duas espadas. É pouco provável que os discípulos tinham estas consigo. Possivelmente estavam no aposento em que se encontravam. Será que Pedro tomou uma, na hora de sair, e cortou depois a orelha do sumo-sacerdote? Quão pouco os discípulos compreendiam o Senhor, quão pouco eles foram capazes de penetrar em seus pensamentos.

Mas vamos à resposta da pergunta, o que o Senhor quis dizer, quando falou aos discípulos que deviam comprar uma espada. Era para eles se defenderem em caso de risco de vida? É difícil imaginar que o Senhor lhes teria sugerido abandonar a base da graça. Também seria totalmente contraditório as suas palavras que disse à Pedro, pouco tempo depois, em Getsêmani: “Embainha a tua espada; porque todos os que lançarem mão da espada, à espada perecerão” (Mat 26: 52). Mas isso era autodefesa.

O apóstolo Paulo experimentou esta inimizade em grande medida: “Em viagens muitas vezes, em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos dos da minha nação, em perigos dos gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre os falsos irmãos” (2 Cor 11: 26). Poderíamos imaginar que o apóstolo Paulo teria se defendido com uma espada?

Portanto eu concluo que a espada da qual o Senhor Jesus falou para os discípulos em Lucas 22, só deve ser compreendido simbolicamente. Significa que os discípulos deviam se preparar para dura inimizade.

 

Pergunta

Todo filho de Deus “recebe” o Espírito Santo. Este Espírito guia, por ex., quando lemos a Bíblia, a palavra de Deus, de modo que aprendemos a compreender o que foi lido. A pesar disto quase não tem tema ou verso, sobre o qual 20 pessoas (todos cristãos convertidos) têm 20 opiniões diferentes. Até mesmo dentro de congregações as opiniões divergem fortemente. Como isto é possível em relação a UM Espírito?                                                                        

Resposta

 Quando um homem se converte, ao confessar sinceramente seus pecados diante de Deus, Ele produz nele a nova vida pelo renascimento, e recebe então a vida eterna (1 João 5: 11, 13). Deus sela alguém assim, que tem aceito o Senhor Jesus como seu salvador, com o Espírito Santo (Ef 1: 13; 2 Co 1: 21, 22). Com isso um homem é nova criatura de Deus: “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é” (2 Co 5: 17). Isto é a base bíblica para uma vida como crente.

No entanto, um crente ainda mantém a velha natureza em si. Esta velha natureza é muitas vezes chamada de “carne” no Novo Testamento (Rm 7: 18, 25; 8: 12, 13; Gl 5: 13, 17; 6: 8). A carne em nós se encontra em constante oposição ao Espírito (Gl 5: 17). Deste conflito só seremos libertados quando formos para o Senhor, quando morrermos ou quando formos arrebatados, quando o Senhor Jesus voltar (1 Ts 4: 17).

Através da nova vida e do Espírito Santo em um crente se inicia imediatamente com a conversão um processo de lavagem. No início alguém é uma criança, e depois com um crescimento normal, se torna um jovem e finalmente um pai; esta distinção na família de Deus encontramos em 1 João 2: 12 – 17 (repare que o termo superior é “filhinhos”). Este processo de crescimento é citado em muitos lugares no Novo Testamento (alguns exemplos: Ef 4: 13; Cl 1: 10; 1 Pe 2: 2; 2 Pe 3: 18).

Um dos lugares mais claros, mesmo não falando expressamente de “crescer” é Romanos 12: 2: “E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus”.

Isso nos permite concluir, em primeiro lugar, que o conhecimento diferente, seja sobre a palavra de Deus em si ou também sobre a vontade de Deus, é antes de tudo motivado pelo estágio de maturação.

Em segundo lugar, é possível que sejamos carnais (Rm 7: 14; 1 Co 3: 1 – 3), isto é, se encontrar sob o domínio da carne em nós. Assim pode ser que nós não entregamos determinadas áreas à ação do Espírito de Deus. Isto impede a ação ilimitada do Espírito Santo.

Em terceiro lugar pode haver pecados na vida de um crente, que ele não está disposto (por algum tempo) a confessar. Com isso a ação do Espírito de Deus é fortemente limitado, senão totalmente impedido; é isto que o apóstolo Paulo pensa quando diz: “Não extingais o Espírito” (1 Ts 5: 19). Isto não quer dizer que um renascido pode perder novamente o Espírito Santo; isto é outro tema.

Em quarto lugar todos os crentes correm o risco de estar expostos à tradição. Tão bom como é o conservar em si, tão negativo pode ser o conservar tradições, se não for verificada novamente pela Palavra de Deus.

Em quinto lugar outro importante obstáculo para o crescimento da palavra e da vontade de Deus, pode consistir em não colocarmos em prática na nossa vida, verdades reconhecidas. Neste caso até podemos perder as verdades reconhecidas. Somos convidados, a “guardar” ou “reter” a palavra de Deus (Jo 14: 23; Ap 3: 8).

Em sexto lugar todo o nosso conhecimento é em “parte”, segundo 1 Coríntios 13: 9, 10. Nenhum crente tem todo o conhecimento. Nós continuamos fracos homens, e por isso todo o nosso conhecimento é deficiente. Não há dois crentes na terra que pensam da mesma forma sobre todos os detalhes de declarações da bíblica. Isso nos deve tornar muito modestos e humildes.

Talvez esta lista de possíveis motivos para diferentes entendimentos não está completa, mas mostra a problemática dos diferentes pontos de vista. Dentro de limites saudáveis, devemos sempre estar prontos, em grande medida, para aceitar um conhecimento diferente. A questão naturalmente é diferente quando se trata de heresia fundamental, com por ex. negar a ressurreição, Jesus Cristo ser filho de Deus, o juízo eterno, etc., para citar apenas alguns pontos. A heresia mina o fundamento do cristianismo e não pode ser tolerado (2 Jo 9 – 11).

Finalmente, gostaria de salientar uma diferença importante entre o conhecimento e atitude. No conhecimento sempre haverá diferenças, mas em termos de atitude, somos muitas vezes exortados ter a mesma mente ou para ser de um mesmo sentimento: “Ora, o Deus de paciência e consolação vos conceda o mesmo sentimento uns para com os outros” (Ro 15: 5).

“Rogo-vos, porém, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que digais todos uma mesma coisa, e que não haja entre vós dissensões; antes sejais unidos em um mesmo pensamento e em um mesmo parecer” (1 Co 1: 10).

“Quanto ao mais, irmãos, regozijai-vos, sede perfeitos, sede consolados, sede de um mesmo parecer, vivei em paz; e o Deus de amor e de paz será convosco” (2 Co 13: 11).

“Completai o meu gozo, para que sintais o mesmo, tendo o mesmo amor, o mesmo ânimo, sentindo uma mesma coisa. Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo. Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros. De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus” (Fl 2: 2 – 5).

“Rogo a Evódia, e rogo a Síntique, que sintam o mesmo no Senhor” (Fp 4: 2).

“E, finalmente, sede todos de um mesmo sentimento, compassivos, amando os irmãos, entranhavelmente misericordiosos e afáveis” (1 Pe 3: 8).

                                                                                                              W. M.