Neste capítulo a epístola volta a referir-se à língua, o índice mais disposto a revelar o estado do coração e que mostra se o novo homem atua, se a natureza e a vontade própria estão refreadas (V. 1-2). Mas neste capítulo não há quase nada que precise comentário, embora sim muito que requer um ouvido atento. Se a vida divina estiver em uma alma, os conhecimentos não se manifestarão em palavras, mas sim pelo andar e por obras nas que será vista a mansidão da verdadeira sabedoria (V. 13). A amargura e a contenção não são os frutos de uma sabedoria que vem do alto, mas sim de uma sabedoria terrestre, da natureza do homem e do inimigo (V. 14-16).
A sabedoria que vem do alto, a que possui seu sítio na vida, no coração, tem três características (V. 17). Em primeiro lugar, é pura, pois a alma está em comunhão com Deus, tem intercâmbios com ele (por isso tem que haver esta pureza). Seguidamente é aprazível, mansa, preparada para ceder à vontade alheia, logo, ativa para o bem e movimento por um princípio que extrai sua origem e seus motivos do alto; ela atua sem parcialidade, quer dizer, a acepção de pessoas e as circunstâncias que influem na carne e nas paixões não influem nela. Pela mesma razão, a sabedoria é sincera e sem fingimento.
As instruções para refrear a língua como primeiro impulso e expressão da vontade do homem natural, estendem-se em sua aplicação aos crentes. Não tem que haver, quanto à disposição interior do homem, muitos mestres. Todos fracassamos, de maneira que ensinar a outros e fracassar nós mesmos é algo até mais digno de ser condenado, pois a vaidade pode alimentar-se facilmente ao ensinar a outros, o que é muito diferente de uma vida animada pelo poder da verdade. O Espírito Santo dá como lhe agrada. O apóstolo se refere aqui à disposição naquele que fala, não ao dom que pode ter recebido para falar.
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