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No capitulo 18 do evangelho segundo Mateus, o Senhor nos ensina que a Igreja tem a administração de Sua autoridade; de maneira que, na Igreja na terra, ninguém pode pretender ser uma autoridade superior. Aquilo que ela ata ou desata, como Igreja, em nome de Jesus, com a presença pessoal de Jesus e a ação do Espírito Santo, está atado ou desatado no céu.
Lemos acerca de um irmão ofendido com outro irmão. Se dito irmão repreendia o ofensor, com o fim de ganhá-lo, e depois de haver feito duas vezes e ter sido infrutífero, se via obrigado a dizer a “a Igreja”, todos os recursos estavam esgotados. Não havia um outro meio de ação, por que, não existia na terra, nenhuma autoridade superior a do Senhor, conferida aos dois ou três reunidos em nome de Jesus.
É importante assinalar que a mesma autoridade para atar e desatar, dada pelo Senhor a Pedro, como apóstolo – Mt 16:19 -, é confiada aos dois ou três congregados em, ao nome de Jesus.
Quando prosseguimos examinando os ensinos da primeira epistola aos Coríntios, a respeito do andar da Igreja de Deus, vemos que as duas autoridades mencionadas acima, a dos apóstolos e a da Igreja, não se contradizem uma a outra, senão, que trabalham cada uma em seu respectivo lugar. O apóstolo dirigia e estimulava a Igreja como tal, porém, para impulsionar a mesma a cumprir com seu dever.
Paulo, no exercício de sua autoridade apostólica, não trabalhou em nome da Igreja e nem a substituiu, frente ao caso de incesto – Capitulo 5 de I Coríntios. Mostrou a eles claramente que, como apóstolo, tinha autoridade para entregar alguém a Satanás - versículo 3-5. Ele fez isso em outras ocasiões – I Timoteo 1:20. Porém aos Coríntios, disse que, como apóstolo, havia julgado que tal homem devia ser entregue a Satanás, para destruição da carne, a fim de que o espírito fosse salvo no dia do Senhor Jesus.
Sem duvida, o juízo do apóstolo não dispensava a Igreja de trabalhar. No lugar de trabalhar por ela, Paulo estimulou a consciência dos coríntios, a fim de fazê-los sentir a responsabilidade que tinham como Igreja. Os reprovou por que não haviam se lamentado, não haviam discutido. – versículo 2. A Igreja não havia se humilhado, e assim, não podia ver com clareza, para trabalhar diante desse mal e diante do culpado. Se o apóstolo julgava que, como apóstolo podia entregar esse homem a Satanás, a Igreja tinha que fazer algo totalmente diferente: tirar do meio dela o perverso.
O mal entre os coríntios, era fermento que havia de estragar toda a massa. Ali, a Igreja estava contaminada por causa da solidariedade que existia entre os que a compunham. Era necessário que ela se limpasse desse velho fermento, para ser uma nova massa. O que obriga uma igreja a se limpar do mal, é o fato de que na qualidade de Igreja de Deus, ela é sem fermento – versículo 7.
Por esse motivo, a Igreja se encontra diante da responsabilidade de manter-se pura em seu andar prático. Se algum mal se introduz em seu meio, a igreja intera esta contaminada, não apenas a pessoa culpada, pois “um pouco de fermento, leveda toda a massa”. Uma igreja que tolera o adultério, em seu meio, seria, por assim dizer, uma igreja adultera. E sucede se o mesmo em relação a embriagues, blasfêmias, ou outro pecado.
Porém, se a igreja se limpa, tirando o mal, volta a se encontrar praticamente como uma nova massa, da qual o fermento foi tirado. Ela deve tirar, posto que, em si mesma, o caráter que a reveste como Igreja de Deus, é o fato de ser sem fermento.
Assinalemos as três prescrições que o apóstolo nos dá no capitulo 5 de I Coríntios. Em primeiro lugar, é necessário humilhar-se, discutir. Jamais uma igreja terá o discernimento necessário para trabalhar frente ao mal e ao culpado, se previamente não se humilhar, aceitando como seu próprio, o mal ocorrido em seu meio.
Logo, a Igreja tirará o perverso do meio dela. És um ato que deve assumir e que resulta de sua humilhação. Ao tirar o velho fermento, a massa se encontra purificada.
A próxima prescrição se refere à conduta que deve manifestar a respeito do perverso, após sua exclusão. Este, não é apenas excluído da mesa do Senhor, senão que o apóstolo disse: “tira, pois, a esse perverso de entre vós”. Era necessário não ter relação com ele; nem sequer se devia comer com ele; não se podia manter com ele relações externas, que somos obrigados a manter com os mundanos – versículos 10,11.
Veja aqui, de que maneira trabalhava um apóstolo frente a uma igreja: exortava, procurava despertar a consciência dela e mostrava sua responsabilidade. Reconhecia a competência que ela tinha da parte do Senhor para tirar o perverso, de tal maneira, que mais tarde, quando impulsiona aos coríntios a demonstrar amor deles, a respeito desse mesmo homem – II Coríntios 2:5-11 -, não lhe dá o nome de irmão, enquanto a Igreja, como tal, não havia reintegrado a ele na comunhão. Paulo se referindo a ele, o menciona como “tal pessoa”.
Assim, vemos que nos tempos apostólicos existia duas autoridades: a autoridade individual, conferida aos apóstolos e a que foi conferidas as igrejas, mediante a presença do Senhor no meio delas.
Depois da partida dos apóstolos, toda autoridade individual na Igreja acabou. Porém, a autoridade que o Senhor comunica a Igreja – ainda que esta se ache composta de duas ou três pessoas -, repetimos, dita autoridade (com isto não queremos dizer que a igreja seja em si mesma uma autoridade; ela está sujeita ao Senhor; porém, o Senhor, pelo fato de estar presente no meio dela, lhe comunica essa autoridade) subsiste e subsistirá durante todo o tempo em que aqueles que se reúnem com o Senhor no meio deles estejam na terra.