As igrejas de Deus
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Assim são designadas, nas epístolas de Paulo, as igrejas locais. Quero dizer, as reuniões ou o conjunto, das pessoas que pertenciam a Igreja de Deus em seu sentido universal, nas diversas localidades.
O apóstolo Paulo, quando fala somente de uma dessas igrejas locais, lê dá o mesmo titulo que a da Igreja em seu sentido universal. Assim, pois, as duas epístolas de Coríntios, se dirigiu “a igreja de Deus que está em Corinto”. A mesma expressa, com o mesmo sentido encontramos em I Coríntios 11:22 e em I Timóteo 3:5.
Em outras passagens, o apóstolo fala do conjunto das igrejas locais em diversos lugares, e as designa com a expressão: “as igrejas de Deus” – I Coríntios 11:16; I Tessalonicenses 2:14; II Tessalonicenses 1:4. Em cada uma das diversas localidades onde se encontravam almas salvas, o conjunto dessas pessoas que pertenciam a Deus, constituíam uma “igreja de Deus”, quer dizer, a expressão da Igreja de Deus, no sentido universal, nesse lugar. Todas juntas, essas igrejas eram, “as igrejas de Deus”.
Tal era a igreja de Corinto. Deus tinha uma igreja nessa cidade. Paulo havia levado o evangelho a essa cidade pagã, famosa por sua riqueza, seu luxo, sua ciência e sobre tudo, por sua horrorosa corrupção. Ali havia trabalhado, sendo dirigido e alentado pelo Senhor, que lhe havia dito: “não temas, fale e não se cale; porque eu estou contigo, e ninguém porá sobre ti a mão para fazer te mal, porque tenho muito povo nessa cidade” – Atos 18:9-11.
Em meio ao paganismo e de horríveis vícios que provinham deles, ao lado da sinagoga judia que estava espiritualmente em ruínas, Deus tinha em Corinto sua igreja, composta de todos os que haviam recebido o Senhor Jesus como seu salvador. Desde o momento que uma pessoa era salva, entrava na Igreja de Deus. Era impossível achar em Corinto uma alma, que havendo recebido a Cristo, estivesse fora da Igreja de Deus (não falamos aqui dos casos de disciplina).
Lá ou em outras localidades, o Senhor acrescentaria a Igreja os que haviam de ser salvos, tanto como havia sido feito em Jerusalém. A ninguém ocorria a idéia de que uma alma salva poderia permanecer fora da única igreja que Deus, tinha em um lugar. A Igreja era única, ainda que se reunissem em um único ou vários locais.
Como temos visto, a Igreja é de Deus. Seu caráter subsiste independentemente do que manifestam na pratica as pessoas que a compõem (isto não quer dizer que o estado espiritual que manifestam os crentes na pratica seja algo indiferente, pois eles devem andar como andou Cristo – I Jo 2:6 – porém aqui falamos do caráter próprio da Igreja.). Se não compreendemos essa verdade, não poderemos compreender o que a Igreja é em si mesma.
Na primeira epistola aos Coríntios, lemos: “ou menosprezais a Igreja de Deus?” – 11:22. Estas palavras foram dirigidas aos indivíduos que compõem a Igreja. O apóstolo distingue, pois, entre eles e a Igreja.
Uma das características da Igreja é o de subsistir de maneira permanente. Ela não existe somente quando os que a compõem estão reunidos. Em Corinto, como em outros lugares, seguia sendo a Igreja a Igreja mesmo quando não estava reunida, ainda que o ato seja firmado de maneira determinada e visível, quando se encontra congregada, reunidos “como igreja” – I Co 11:18.
Paulo reconhece a igreja de Corinto, como a Igreja de Deus ao considerar a ela em Cristo. Se estivesse olhado apenas os indivíduos, a triste condição pratica em que se encontravam a maior parte deles, não poderia reconhecer ali a Igreja, e não poderia se ocupar com seus cuidados. Porém, inclui, quando considera os indivíduos em Cristo, estes são para ele, os “santificados em Cristo Jesus, chamados santos (de Deus)” - I Co 1:2.
Mais adiante nos versículos 4-9, o apóstolo enumera o que o Senhor lhes deu: o testemunho do Senhor era confirmado no meio deles, por todos os dons de graça que Cristo lhes havia comunicado. Eles não precisavam de nenhum desses dons, enquanto esperavam a revelação do Senhor Jesus; e apesar do conhecimento que Paulo tinha do mal estado moral que se encontravam, apoiando-se na fidelidade de Deus, pode dizer: “Nosso Senhor Jesus Cristo… também os confirmará até o fim, para que sejam irrepreensíveis no dia de nosso Senhor Jesus Cristo” – versículo 8.
O apóstolo, tomando como ponto de partida o que a Igreja é, em si mesma – a Igreja de Deus – apontou e repreendeu todo o mal que se achava em meio aos Coríntios e que estava em discordância com o caráter santo e divino da Igreja. Trabalhou sobre suas consciências e lhes mostrou a responsabilidade que tinham como Igreja de Deus.
Pela bondade do Senhor, as circunstancias em quais se achavam a igreja em Corinto, tem dado oportunidade para que as direções sejam precisas e úteis para todos os tempos e todos os lugares, durante o período de existência da Igreja na terra. Pois, com os coríntios, o apóstolo engloba a “todos os que em qualquer lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso”. Assim, um crente, independente de onde se encontre, não tem nenhuma autoridade que possa se interpor para não obedecer aos ensinos desta epístola, que se refere à posição e ao andar da Igreja de Deus.