Hebreus 6: 1 a 6

Temos que lembrar que o texto, não trata de crentes. Graças a Deus! Em suma ela foi direcionada ao povo hebreu, ou seja, diretamente ligada aos judeus.

No capítulo anterior a Epístola aos Hebreus foi endereçada a três destinatários: os salvos dedicados, os salvos acomodados e os nominais ou frequentadores não salvos (os "falsos irmãos" - II Cor.11:26).

Nos três últimos versos do capítulo 5o. Paulo menciona os "negligentes", "sempre necessitados de leite", usando o verbo na segunda pessoa do plural: "vos fizestes negligentes" (5:11), "ainda necessitais", "E vos haveis feito tais que necessitais" (5:12).

Mas, quando o Apóstolo passa a falar sobre os nominais, emprega o verbo na terceira pessoa: "os que já uma vez foram iluminados, e provaram... e se fizeram (6:4)....e provaram (6:5)...e recaíram...crucificam...expõe (6:6).

Nesses versículos dirigidos aos "falsos irmãos" ele não usa os verbos na segunda pessoa. Ele não diz: vós que uma vez fostes iluminados, e provastes, e vos fizestes, e recaistes, crucificais, expondes.

Tendo encerrado a brutal advertência para os "quase induzidos", a partir do v.9 retorna a se dirigir aos verdadeiros crentes, falando-lhes outra vez na segunda pessoa do plural: "mas vós" (6:9), "da vossa obra", "mostrastes", "servistes", "servis" (6:10).

Dirigindo-se aos verdadeiros crentes o escritor emprega a primeira pessoa do plural, do presente do indicativo, incluindo-se entre eles: "prossigamos" (6:1).

Nesse quadro das Escrituras ressaltam-se duas distintas categorias de pessoas: os salvos e os nominais(como isso é verdadeiro nesses dias). Entre o v.1 e os vv.4-8 de Hb 6, ocorre profunda diferença de experiência.



4.) - Os "quase-induzidos", ou os nominais ou "falsos irmãos" gozam de excelente oportunidade caracterizada pelas seguintes circunstâncias lembradas no texto, embora a experiência haja sido incompleta, de vez que não quiseram dar o passo definitivo da conversão.

Preferiram permanecer separados da salvação:

a) - "FORAM ILUMINADOS" 
- Jesus Cristo é a Luz do mundo (Jo.8:12). A Luz Universal. João, no Prólogo do seu Evangelho, diz que o Verbo é a luz que resplandece nas trevas (1:5). Ele emprega o mesmo verbo de Hb.6:4 quando informa: "a Luz Verdadeira, que alumia a TODO O HOMEM que vem ao mundo (1:9). Iluminados não significa salvos.
Então todos são crentes? Estão todos salvos? Não! Mas, todos podem dela se beneficiar se A aceitarem. A todos a Luz do mundo é oferecida. O próprio escritor João reconhece que "o mundo não O conheceu. Veio para o que era Seu, e os Seus não O receberam" (1:10-11). Só se tornam filhos de Deus os que recebem Jesus Cristo (1:12), mesmo que haja Ele vindo para alumiar a TODO o homem.

b) - "PROVARAM O DOM CELESTIAL", ou seja, a Graça de Deus. A graça é para todos, mas veja que a salvação é a aceitação da graça.
"Porque a Graça de Deus se há manisfestado, trazendo salvação a TODOS os homens" (Tt.2:11). " Porque, se pela ofensa de um morreram muitos, muito mais a Graça de Deus, e o dom pela Graça, que é dum só Homem, Jesus Cristo, abundou sobre muitos...por só um ato de Justiça veio a Graça sobre TODOS os homens para justificação de vida" (Rm 5:15,18). " E TODA A CARNE verá a salvação de Deus" (Lc.3:6), dizia João o Batista.

É a vontade UNIVERSAL salvítica de Deus que "quer que TODOS OS HOMENS sejam salvos e venham ao conhecimento da Verdade" ( I Tm.2:4). O Espírito Santo que opera desde o início na conversão do pecador é chamado em Hb.10:29 de "ESPÍRITO DA GRAÇA". Ao Espírito da Graça", compete convencer o MUNDO do pecado (Jo.16:8).
Há profunda diferença entre convicção e arrependimento do pecado. Quantos se convencem dos seus pecados, mas deles não se arrependem! Impedem que o Espírito Santo complete a obra da conversão.
A obra de convencer do pecado também é UNIVERSAL. Jesus disse que o Espírito Santo "convencerá o MUNDO do pecado" (Jo.16:8). Toda a pessoa a cometer certas iniquidades se convence de que errou. É a Graça de Deus. Ela, nesta circunstância, prova o dom celestial.
Lamenta-se contudo o triste fato muito comum de a maioria não se arrepender de verdade.

c) - "E SE FIZERAM PARTICIPANTES DO ESPÍRITO SANTO". Provar do dom celestial da Graça é participar do Espírito Santo (Gn.1:2 - Jó 26:13 - Sl.104:30).
No domínio espiritual, de modo particular, a operação é toda atribuída ao Espírito Santo de Deus. Receber o seu influxo é pois participar dEle. Ele age nas consciências de todos os homens, até dos piores bandidos, sem que, contudo, a maioria permita levar Ele a cabo a sua atuação culminante com a genuína regeneração.

d) - "E PROVARAM A BOA PALAVRA DE DEUS". No conjunto de tantas circunstância muitos pecadores ouvem a Palavra de Deus. Provam-na. Convencem-se dos seus pecados. A atuação do Espírito da Graça é sensível. Mas voltam atrás. Muitos até permanecem anos e anos entre os crentes sob a influência da Palavra de Deus e dela desfrutando em cada mensagem ouvida.

e) - "PROVARAM...AS VIRTUDES DO SÉCULO FUTURO" Foi a experiência do governador Félix. No seu longo processo judiciário Paulo se defrontou com várias autoridades, dentre as quais Félix. No seu depoimento aludiu à sua esperança quanto às "virtudes do século futuro", isto é, à "ressurreição de mortos, assim dos justos como dos injustos" (At. 24:22-24). O governador se interessou por ser melhor informado do "Caminho" e quis ouvi-lo mais "acerca da fé em Cristo" (At.24:22-24). Félix se iluminara da doutrina, provara o dom da Graça tanto assim que quis ouvir mais e com todo o interesse, tornando-se, portanto, participante do Espírito Santo da Graça ao provar da boa Palavra de Deus. Dava ele todos os passos para a sua genuína conversão. Ouviu do Apóstolo ainda sobre "as virtudes do século futuro", isto é, "da justiça, e da temperança e do juízo vindouro" (At.24:25). Félix é o exemplo típico do "quase-induzido" de Hb.6:4-5. Voluntariamente, porém, rejeitou a salvação oferecida. Sua avareza, porque contava com propinas para libertar o Apóstolo, o impediu de se arrepender e confiar em Jesus Cristo.

Nestes dois versículos de Hb. 6:4-8 em que o escritor descreve o confesso nominal não existe qualquer alusão ao arrependimento e à fé salvadora em Cristo. Há apenas referência aos preâmbulos da conversão total.



5) - No v.6 o nosso Texto diz: "DEPOIS CAÍRAM" ou "RECAÍRAM".

O sentido desse verbo, segundo o grego original, não é o de "cair de novo" ou "cair outra vez", mas sim o de "SAIR PARA UM LADO", "ESGUEIRAR-SE DO CAMINHO", "DESVIAR-SE DO CAMINHO RETO", ESQUIVAR-SE".

Trata-se em nosso estudo de um desvio intectual, de "um si de fininho" da Verdade do Evangelho. É a renúncia voluntária do conhecimento da Verdade (Hb. 10:26). É o "pisar o Filho de Deus", é o "tomar por profano o Sangue do Testamento", é o fazer "agravo ao Espírito da Graça" (Hb.10:29).

Aquelas pessoas depois de receberem tanto, descuidadas de atingirem a verdadeira conversão, abandonaram o Cristianismo e voltaram ao judaísmo. Pois o livro trata especialmente desse povo e foi dirigido a eles.

Não se trata, pois, de alguma fraqueza ou de um pecado em que caíram.

É um ato específico e determinado da vontade pelo qual o frequentador nominal rejeita em definitivo o Plano da Salvação.

O termo grego "PARAPESONTAS", empregado nesta passagem e que quer dizer "CAIR PARA UM LADO", "DESVIAR-SE DO CAMINHO RETO", corresponde ao verbo "APOSTANAI" (=AFASTAR-SE) donde a palavra apostasia, que consiste no abandono, tomada no sentido de doutrina do Evagelho.

Nas Escrituras a palavra fé pode ser tomada em duplo significado: confiança e conjunto de doutrinas.

A fé-confiança o salvo nunca perde. Quem confiou em Jesus Cristo como o seu Único Salvador, jamais deixará de confiar nEle.,

A apostasia ocorre quando alguém se afasta dos ensinos das Escrituras. ou seja da fé doutrina, exposta em Judas por exemplo.



6.)- Esses frequentadores que receberam todos os favores divinos mencionados nos vv.4-5, recuando para perdição, incorrem numa gravíssima dificuldade.

Renunciam voluntariamente o Plano de Salvação e como [POIS] poderão ser renovados para o arrependimento?

"RENOVADOS PARA O ARREPENDIMENTO" quer dizer retornar ao anterior estado de interesse quando chegaram à beira da conversão.

Revela frisar que eles, conquanto atingidos por tantas bênçãos e se aproximando do reino, não haviam chegado ao arrependimento. Estiveram naquela situação de "tão perto do reino mas sem salvação".

Com a apostasia o autor assegura a impossibilidade de renovarem a situação espiritual anterior que os propicie a luz suficiente para o arrependimento, a fim de que mudem sua atitude mental. Jamais se renovarão para que se arrependam.

É impossível este renovamento para que se arrependam porque ao apostatarem estão se identificando com os algozes crucificadores de Jesus Cristo, expondo-O ao virtupério. É este o significado da expressão: "estão crucificando de novo o Filho de Deus" (v.6), pois é evidente que não se repete jamais o fato da cruz.

Expô-lo ao virtupério é porque a apostasia O ofende e O deprecia publicamente como contra Ele se comportaram os algozes ao escarnecerem dEle (Mt.27:39-44).

Esse afastamento de Cristo com a renúncia do Seu Plano Salvitico é o pecado irremissível contra o Espírito Santo (Mt.12:31-32).


Na parábola do semeador há um tipo de coração semelhante aos pedregais. Ouve a Palavra e, "LOGO COM PRAZER"  a recebe (Mc.4:16). Estes, porém, "não tem raiz em si mesmos, antes são temporãos, depois sobrevindo A TRIBULAÇÃO ou PERSEGUIÇÃO por causa da Palavra, logo se escandalizam" (Mc.4:17). Escandalizados abandonam os primeiros influxos do Espírito Santo e retornam à vida antiga.

E a condição deles se torna pior do que a anterior. Pior "porque àquele que tem se dará e terá em abundância, mas àquele que não tem, até aquilo que tem lhe será tirado" (Mt.13:12)

Essa dolorosa experiência se repete a cada dia.É se ter olhos para ver!