Que és hoje, uma igreja de Deus?
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No presente, em meio à ruína da Igreja, considerada como testemunho na terra, podemos nos reunir sobre as mesmas bases e de acordo com os mesmos princípios dos tempos apostólicos? Um crente sujeito a Palavra, responderá com humildade: “sim”, pois a Palavra de Deus tem valor para todos os tempos e todos os lugares.
O fato de que a Igreja haja abandonado os princípios divinos, não é aprovado. Enquanto que tudo o que provem do homem, passa e se acaba, a Palavra de Deus “vive e permanece para sempre” – I Pedro 1:23-25.
Já temos ensinado que a primeira epistola aos Coríntios, que contém as diretrizes do Espírito Santo relacionadas com a ordem interior de uma Igreja, não se dirigia somente Igreja aos coríntios, senão a toda a Igreja professante, a “todos os que em qualquer lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso”. Poderíamos duvidar e chegar a dizer que essas diretrizes não se aplicam a todo o período da Igreja na terra? A todo o tempo durante ao que se pode achar nesse mundo, aos que invocam ao nome do Senhor? Outras considerações deixam estabelecido que se aplicam aos dias de hoje também.
Acaso o Senhor havia levantado Sua mesa, somente para o tempo apostólico? Não; a ceia do Senhor se celebrará até que Ele venha – I Co 11:26 -, e a mesa do Senhor, que expressa a unidade do corpo, é um fato inerente a toda a duração da existência do corpo de Cristo na terra.
Não pode existir uma época, durante o período da Igreja em que as circunstancias façam impossível à realização do versículo 17 do capitulo 10 de I Coríntios.
Ainda assim, enquanto se encontre dois ou três crentes obedientes a Palavra e se reúnam somente ao nome de Jesus, segundo o capitulo 18 do evangelho de Mateus, estes terão a autoridade e a presença de Jesus no meio deles, e isto é muito alentador em tempos de ruína.
Isto não quer dizer que temos que ser indiferentes frente à ruína e que não devemos lutar por ela. Ao contrario, os crentes que, por graça, compreenderam que apesar de tudo, os membros do corpo de Cristo, podem hoje em dia, reunir-se de acordo com os princípios bíblicos, não se consideram como o restabelecimento da Igreja primitiva, senão que, em meio a toda ruína, se vem vestígios, que continuam em pé, sobre o terreno imutável da Palavra de Deus.
Ainda que seja possível hoje os crentes se reunirem nos mesmos princípios da Igreja de Deus dos tempos apostólicos, tal reunião de crentes em uma determinada localidade, não poderá, de maneira alguma, se intitular “a Igreja de Deus desta localidade”, porque essa expressão, no pensamento de Deus, agrega todos os filhos de Deus que vivem nessa localidade, como era o caso em Corinto.
Lamentavelmente, hoje os filhos de Deus que vivem em uma localidade, geralmente se encontram dispersos no seio das diversas organizações eclesiásticas estabelecidas pelo homem. Porém, se dois ou três se reúnem segundo os princípios bíblicos, estes representam a Igreja de Deus, no lugar onde se encontram, e como tais, tem ali os privilégios e as responsabilidades que cabe a Igreja de Deus.
Agora vejam, se estes não podem se intitular “a Igreja de Deus”, como se estivera composta somente por eles, mas ainda assim são “uma igreja de Deus”, e todos os que são nascidos de Deus nessa localidade deveriam encontrar se junto com eles nesse terreno, pois esse é o pensamento de Deus nesse respeito.
Porém, seria difícil hoje, para não dizer impossível, descobrir todos os filhos de Deus que vivem em uma localidade. Jamais poderíamos estar seguros de termos achados a todos. Assim, provavelmente, não pensaríamos em buscar na igreja romana, onde com certeza, existem verdadeiros filhos de Deus.
És, pois, necessário, remetermos a onisciência do Senhor, que é quem conhece a todos, segundo o que lemos: “O fundamento de Deus está firme, contendo esse selo: O Senhor conhece os que lhe pertencem” – II Timoteo 2:19. Que contraste vemos nessas palavras, com o que está escrito no inicio do livro de Atos: “E o Senhor agregava a cada dia a Igreja os que haviam de ser salvos” – Atos 2:47.
Então, como já temos visto, não havia possibilidade de alguém se equivocar a esse respeito. Em Jerusalém, em Corinto, e em outras partes, todos os redimidos eram agregados a Igreja de Deus, deste lugar.
Portanto, é bom, que aqueles que, em nossos dias, unicamente por graça, se encontram reunidos segundo as Escrituras, saibam que não podem pretender, de maneira alguma, que somente eles compõem a Igreja de Deus em sua localidade. É preciso que incluam em seu pensamento a todos os demais filhos de Deus, tanto aqueles que são conhecidos como aos desconhecidos, lamentando que todos eles não se encontrem em seu lugar adequado na Igreja.
Porém, se supõem que, por outro lado, aqueles filhos de Deus, dispersos ou desconhecidos, tem uma suas mãos a Bíblia, a Palavra de Deus e por tanto, se encontram debaixo da responsabilidade de obedecer às diretrizes que ela lhes oferece, quanto à reunião dos santos como membros do corpo de Cristo. Todos somos responsáveis de seguir as prescrições que contém na primeira epistola aos Corintios e em conseqüência, devemos nos apartar daquilo que não corresponde com tais diretrizes.
É Deus quem, por seu Espírito, reúne somente ao nome de Jesus, ao redor deste centro divino. Em tal reunião, à vontade do homem não tem nada a introduzir, nada para organizar, nada a pretender.
Uma denominação cristã, qualquer que seja, pelo próprio ato de ser uma denominação, e não achar se reunida unicamente ao nome de Jesus, sobre a base da unidade do corpo de Cristo, não pode pretender ser a Igreja de Deus do lugar onde se encontra, e nem ainda ser uma Igreja de Deus. Ela constitui, necessariamente, uma congregação segundo o homem, uma organização humana, fundada sobre um principio de independência a respeito da verdade de Deus.
Unir-se a “A Igreja de Deus”, não era um privilégio somente para toda alma nascida de Deus em Corinto ou em outra localidade; Tão pouco era um assunto de gosto ou de eleição, senão um ato de obediência ao Senhor. Cada um dos que criam no Salvador, tomava seu lugar com aqueles que se reuniam em seu nome e em meio aos quais, Ele havia assegurado a Sua presença.
Isto segue sendo igual até os nossos dias. Se em uma localidade, dois ou três, estão reunidos em o nome do Senhor Jesus, fazem realidade, não quanto à totalidade dos filhos de Deus, senão “moralmente”, a congregação dos Seus – Hebreus 10:25 -, a verdadeira congregação dos santos, como membros do corpo de Cristo.
Dita congregação, em meio a todas as denominações, não é, de maneira alguma, a melhor denominação que existe e que se possa considerar como a mais próxima dos pensamentos de Deus. Tão pouco é a melhor maneira de reunir-se, em contraste com as demais, ou seja, é “o único” modo de congregar-se. A Palavra não ensina outra maneira; fazer parte desta congregação é um ato de obediência ao Senhor e a Sua Palavra.
Hoje, pois, a questão que se coloca diante de um crente, não consiste em buscar uma congregação que lhe convença, já que isso consiste e fazer uma eleição, segundo sua própria vontade, nem tão pouco buscar um lugar onde sua alma será bem alimentada, ainda que isto tenha sua importância e seu lugar, porém, para toda pessoa que pertence ao Senhor, a questão que devia lhe ocorrer é; “Onde se encontra a congregação dos santos que se reúnem somente como membros do corpo de Cristo? E não como uma organização religiosa estabelecida pelo homem? Onde está a mesa do Senhor?”.
E cada filho de Deus deveria dizer: “Se o Senhor me assegura meu lugar nessa congregação, onde nada será escolhido por mim, nem a meu gosto, onde posso obedecer ao Senhor!”.
Não podem, pois, existir varias categorias de igrejas de Deus, como também não duas igrejas ou dois corpos de Cristo na terra. Pela mesma razão não podem existir duas mesas do Senhor.
Como temos visto, existe somente “a mesa do Senhor” - I Corintios 10:21 -, onde se expressa a unidade do Corpo – Versículo 17. Sendo um só pão, nós, apesar de muitos, somos “um (somente) corpo”. Assim como existe somente um pão na ceia, e não dois, existe somente “um corpo” de Cristo na terra – Efésios 4:4. Ao partir juntos esse único pão, os membros do corpo expressam a unidade de dito corpo.
Não existe outra maneira bíblica de levar adiante o partir do pão. Toda mesa levantada para celebrar a ceia, fora deste principio bíblico, não se pode chamar “a mesa do Senhor”. Trata-se de uma mesa levantada pelo homem e que expressa (sabendo ele ou não) a independência a respeito desse principio bíblico. Isto é algo digno que todo membro do corpo de Cristo, preste a devida atenção.
Parece que muitos não se dão conta, suficientemente, da gravidade que reveste essa atitude: que uma mesa independente equivale a uma negação dos direitos do Senhor sobre Sua própria mesa e sobre Sua própria Ceia.
Sem duvida, ao expressar o que dissemos, não queremos dizer que, para as almas piedosas e sinceras diante de Deus, não haja, ali onde os elementos da Ceia são conservados como o Senhor os instituiu, um verdadeiro memorial de Sua morte, a qual essas almas gozam individualmente, ainda que se encontrem em uma mesa independente. Porém, não podemos dizer que ela seja a Ceia do Senhor (a Ceia do Senhor é necessariamente, inseparável das verdades que se referem a A Igreja. O ato de que seja a Ceia do Senhor, indica suficientemente que os homens não podem dispor a ela, a seu agrado), nem que tal mesa seja a mesa do Senhor; por isso, tais almas não estão no lugar apropriado para gozar de todos os privilégios que tem direito como membros do corpo de Cristo.
F. Prod’hom (M.E. 1887)