"Porque, como pela desobediência de um só homem, muitos foram feitos pecadores. Não há quem faça o bem" - Romanos 5:19 e 3:12
"Éramos, por natureza, filhos da ira" - Efésios 2:3
"Cristo veio ao mundo para salvar os pecadores" - I Timóteo 1:15
Naquela noite, quando alguns garotos do Lar foram brincar noutro quarto, de longe pude observar que o rosto de Edgar demonstrava uma tensão bem conhecida - aquela que revelava a calma antes da tempestade.
Diante dele, a monitora do grupo, ocupada com os demais, não lhe prestava muita atenção.
Para Edgar, isso já era demais: não podia suportar que o deixasse de lado, como se não pertencesse ao grupo.
De repente deu um forte golpe no abajur, que começou a oscilar de um lado para outro.
A monitora, que apenas pode evitar ser atingida, reagiu com firmeza.
Então, cego de raiva, Edgar deu outro golpe no abajur, cuja cúpula foi atirada contra a mesa.
Assim começou uma contenda entre os dois, e ele cuspiu na mulher.
Esse era o momento de eu intervir. Edgar tinha fechado os punhos para golpeá-la. Nesse momento, para protegê-la, coloquei me diante dela.
Em seguida começou uma luta com o garoto, que acertava selvagemente tudo ao seu redor. Golpeou a porta de vidro, e sua mão começou a sangrar.
Como não se acalmava, lancei-me sobre ele. A luta terminou quando Edgar me mordeu no antebraço e eu lhe dei uma bofetada.
Então, pôs-se a chorar como uma criancinha.
Ambos estávamos no chão; os demais garotos nos rodeavam. Pedi-lhes que nos deixassem a sós.
Depois de Edgar chorar por um bom tempo, perguntei-lhe:
- O que está acontecendo com você?
Após vacilar um pouco, proferiu estas palavras:
- Meu avô era alcoólatra, meu pai bebe, e eu percebo que também tenho essa pré disposição.
Ajudei-o a se pôr de pé e o conduzi a mesa.
Depois de ter-lhe preparado uma xícara de café, retomamos nossa conversa.
Falamos de seu caráter instável e de sua incapacidade de dominar-se.
Ele me fez toda classe de perguntas, e esperou pacientemente minhas respostas.
Que diferença dos dez minutos anteriores! E, como se tivesse adivinhado meus pensamentos, confessou:
- Foi como se um animal selvagem se tivesse apoderado de mim. Não era eu!
Veio-me à mente o que havia lido no dia anterior.
Pedi que esperasse um momento e sai do quarto.
Quando voltei com a Biblía, olhou-me com admiração.
Li Romanos 7:15 e 17: "Porque nem mesmo compreendo meupróprio modo de agir, pois não faço o que prefiro, e sim o que detesto... Neste caso, quem faz isto já não sou eu, mas o pecado que habita em mim."
Ele ficou maravilhado de que esse livro descrevesse exatamente seu estado de ânimo e olhando para mim, pensativo, disse:
- Sim, então é o pecado o que faz surgir esse animal em mim.
Para mim estava claro que a alteração de conduta de Edgar não era um caso isolado, mas sim, que se devia ao sempre presente problema do pecado, o qual só tem solução mediante a fé em Cristo Jesus, quando Lhe entregamos a direção de nossa vida.
Agora me responda leitor:
- Qual é sua situação diante do pecado? e do Senhor Jesus?